terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

10 Mitos e Verdade - Mercado de trabalho para pessoas com deficiência.



Trabalho

1 Empresas com mais de cem funcionários que não contratam pessoas com deficiência podem ser multadas.
VERDADE A mesma lei que estabelece as cotas de contratação das pessoas com deficiência define as punições em caso de seu não cumprimento. Dois órgãos são responsáveis pela fiscalização do cumprimento da Lei de Cotas. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), através das Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego (SRTE), e o Ministério Público do Trabalho (MPT).

2 Aposentados por invalidez que retornam ao trabalho podem continuar a receber o benefício. 
MITO 
Uma vez que o beneficiário retorne voluntariamente à atividade, sua aposentadoria será cancelada. A diferença está na forma, podendo ser imediata, se o segurado retornar à função que possuía antes, ou ao longo de seis meses, quando a recuperação for parcial ou o segurado for considerado apto para exercício de trabalho diverso daquele que habitualmente exercia.

3 Pessoas com deficiência não podem se inscrever em concursos públicos.
MITO A pessoa com deficiência, assim como qualquer outro brasileiro que esteja em gozo de seus direitos políticos e em dia com as obrigações militares e eleitorais, está apto a se inscrever em concursos públicos, desde que as atribuições do cargo sejam compatíveis com a deficiência que possui. A lei prevê ainda que até 20% das vagas oferecidas sejam reservadas para este público.

4 É mais fácil para uma pessoa com deficiência ser admitido por uma empresa grande, já que, pela Lei de Cotas, ela é obrigada a contratar.
VERDADE Sem dúvida, a lei facilitou a entrada no mercado de trabalho, e determina que empresas com mais de cem funcionários contratem pessoas com deficiência. A discussão atual se trava acerca da qualidade desta inclusão. As vagas destinadas às pessoas com deficiência, na média, têm salários baixos, cargos da base da pirâmide organizacional e funções operacionais. O plano de carreira para estes profissionais ainda é pouco atraente.

5 Pessoas com deficiência que atuam como servidores públicos têm direito a um horário especial de trabalho, caso seja necessário.
VERDADE A pessoa com deficiência deve pleitear que uma junta médica oficial avalie a necessidade, o que lhe dará o direito de ter horário especial, sem compensação. O direito também se estende ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente com deficiência, mas, neste caso, com compensação do horário de trabalho.

6 Se uma pessoa com deficiência contratada pela Lei de Cotas vai ser demitida do cargo, a empresa tem de contratar outra pessoa para ocupar a vaga antes.
VERDADE Conforme previsto no artigo 93, § 1º, da Lei no 8.213/91, caso esta condição não seja cumprida, o empregado demitido pode recorrer à justiça, para receber os salários correspondentes ao período em que a vaga ficou ociosa.

7 As empresas priorizam a contratação de pessoas com deficiências consideradas mais "leves". 
VERDADE 
O que se observa é que as empresas não dão muitas oportunidades àquelas pessoas com limitações mais severas ou menor nível de diminuição motora, sensorial ou intelectual. Cadeirantes, por exemplo, são minoria no mercado de trabalho. A mesma situação ocorre com cegos e surdos totais, sem falar nas pessoas com deficiências intelectuais. 

Dia a dia


Cegos não têm como usar o celular para outras funções, além de conversar.
MITO Existe um programa chamado "Talk", usado para adaptar telefones celulares para o uso de pessoas cegas. Este programa tem função de voz, o que permite que o usuário ouça o que está sendo apresentado no menu do aparelho. É muito útil para as pessoas com baixa visão, pois aumenta a fonte e também usa diferentes cores para o contraste de tela, o que facilita a leitura.

9 Pessoas sem fala que não conhecem Libras não têm outra forma de se comunicar.
MITO Apesar da importância do aprendizado da Libras, já existem formas de comunicação alternativas, que podem ser usadas até mesmo por quem tem deficiências múltiplas e não consegue formar os sinais com as mãos, como o sistema de comunicação por símbolos chamado SymbolVox. O usuário pode utilizar frases como "ouvir música", "ir ao banheiro" ou até mesmo montar palavras em uma cartela com o alfabeto.

10 O programa Virtual Vision é caro, por isso não posso utilizá-lo porque não tenho como comprar.
MITO Trata-se de um software de voz que torna o uso do computador acessível aos cegos. E é verdade que é caro, o que dificulta seu acesso por parte de muitos que têm deficiência visual ou com baixa visão. Mas já existem empresas que distribuem o programa gratuitamente. É o caso dos bancos Bradesco e Santander.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Esgrima em cadeira de rodas


Cadeirantes superam limitações e encontram qualidade de vida e autoestima na prática da modalidade. Clube, que não cobra pelas aulas nem pelos equipamentos, procura mais alunos.
Histórias diferentes e destinos parecidos levaram um grupo de cadeirantes a se reunir e formar a equipe de esgrima em Belo Horizonte. Roupas apropriadas, espadas e as adaptações para o uso das cadeiras de rodas dão ao Barroca Tênis Clube, em parceria com o programa Superar, da prefeitura, um ar de rivalidade, mas com diversão e, ao mesmo tempo, seriedade.

O time é o mesmo desde a criação, em fevereiro do ano passado, e os competidores já foram premiados em torneios fora da capital mineira.
“O mais importante é a coordenação, a precisão, o convívio social com o esporte, que faz falta para todas as pessoas”, explica Kléber Castro, educador físico. São cinco esgrimistas em diferentes categorias, divididas entre A, B e C, de acordo com a lesão medular.
O fisioterapeuta Marcos Antônio Ferreira, de 32 anos, tetraplégico há quatro, tem a C, considerada mais grave. Sempre esportista, em uma de suas aventuras ele sofreu o acidente. A volta por cima veio com o rúgbi. Hoje se completa com a esgrima. “A qualidade de vida atual é muito melhor. É incomparável. Com força e destreza nos movimentos, consigo fazer muitas coisas do dia a dia.”
Um acidente de carro em 1995 deixou Gustavo Henrique de Araújo, de 35 anos, paraplégico. O esporte sempre foi muito presente em sua vida, porém, nos últimos 16 anos, ele mudou de forma positiva a maneira de encarar as competições. “Logo que retomei o contato, o esporte voltou a ser o que sempre foi.” Há oito anos jogando tênis para cadeirantes e há nove meses praticando esgrima, Gustavo acredita que a atividade é uma forma de aumentar a autoestima e a força física. “A gente vê o que consegue fazer apesar das limitações.”
Triatleta, Márcio Silveira Neves, de 35 anos, praticava ciclismo em torno da Lagoa da Pampulha quando um motorista embriagado atropelou toda a equipe. Paraplégico há três anos e meio, Márcio usa cadeira de rodas. “Não conhecia esporte adaptado. Quando passa a fazer parte do nosso contexto, a gente começa a se interessar.” Ele, que nunca gostou de futebol e outras modalidades com bola, viu na esgrima uma forma de superar o ocorrido. “Eu a tenho como a melhor medicação de que faço uso hoje. É se tornar competidor novamente, porque a própria cadeira já é uma competição diária.”
Thiago de Jésus Alves, de 28 anos, nasceu com má-formação na coluna. Desde cedo se locomove com cadeira de rodas. Durante a vida, fez muita fisioterapia, mas pela primeira vez pratica esportes. “É mais agradável do que a fisioterapia”, brinca. A esgrima foi a iniciação de uma vida mais saudável, pois antes sua rotina era trabalho, escola, casa. O esporte e a convivência com outros esgrimistas elevaram sua autoestima. Hoje ele até faz regime e já perdeu peso com os novos hábitos.

TREINAMENTO.
Todos esses atletas estão juntos há 11 meses, praticando a modalidade de segunda a quinta-feira, a partir das 20h. Para Carlos Moreira, coordenador da sala de esgrima, a maior dificuldade é atingir esse público, apesar do espaço e do know-how. Além das competições entre cadeirantes, eles podem encarar disputas mistas, em meio a andantes. “A gente queria essa convivência. É um passo importante na integração social, porque muitos vêm de uma experiência traumática.”
O principal ganho é na qualidade de vida. “Eles usam o braço para atacar e se defender. Envolve estratégia, performance e o psicológico”, diz o coordenador. E o principal é não ter diferença entre atletas que andam e que não andam. “Isso é algo normal, é adaptado para eles, mas o tratamento é o mesmo para qualquer praticante da esgrima”, explica Kléber Castro.
Nas aulas, até 10 cadeirantes podem treinar. Hoje apenas cinco vagas estão ocupadas. As outras estão em aberto e o investimento para praticar é zero. “O preço é a dedicação”, afirma Kléber. Além de não haver mensalidade, o equipamento não precisa ser comprado, os professores o emprestam. Informações no www.esgrimabtc.com.br.
Como praticar.
A competição segue a mesma lógica da esgrima convencional e o objetivo é atingir o corpo do adversário. A principal diferença é que os praticantes têm a cadeira fixada no solo. A cada toque um ponto é marcado eletronicamente pelos sensores na ponta da espada ou do florete, armas usadas pelos cadeirantes no Brasil – na esgrima convencional, também se usa o sabre. Na modalidade de espada, os toques devem ser feitos da cintura para cima, em vez do corpo todo. Já no florete pode-se atingir apenas o dorso.
Quando alguém pontua, a luz que representa quem o marcou se acende. A disputa pode durar três tempos de três minutos ou o máximo de 15 pontos na etapa eliminatória e três minutos ou cinco pontos na classificatória. As roupas adequadas são máscara metálica, luva na mão armada e uniforme completo para evitar ferimentos.
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